Palhaços, músicos e até cachorros estão voltando a circular pelos corredores dos hospitais. Após quase dois anos longe, diferentes grupos de voluntários retornam aos poucos e com todos os cuidados para visitas curtas que humanizam o atendimento de pacientes e aliviam a rotina de profissionais de saúde. “O avanço da vacinação contra a covid-19 e a redução do número de casos permitem a volta desses momentos inesquecíveis, em visitas repletas de encantamento, risadas e carinho”, conta a coordenadora do voluntariado e pastoral dos hospitais Universitário Cajuru (HUC) e Marcelino Champagnat (HMC), Nilza Brenny.
Vestidos de noéis e renas, os cachorros do projeto Amigo Bicho retornaram para visitas especiais em dezembro. Mais do que melhores amigos do homem, eles são ferramentas importantes para a recuperação e bem-estar de quem vive a rotina de um hospital. Por isso, os cães terapeutas estão no HUC, em Curitiba (PR), desde 2009 e, por meio de videochamadas, continuaram presentes nos momentos críticos da pandemia. Atualmente, 40 cachorros e 55 pessoas fazem parte do projeto.
A visita dos cachorros, guiada pelos voluntários, surgiu do interesse da veterinária Leticia Séra Castanho em unir suas duas paixões: os animais e o voluntariado. “O que mais toca é saber que podemos melhorar o dia das pessoas que estão sofrendo e transformar os ambientes com o amor canino. Agora, no fim de ano, as visitas têm um gostinho ainda mais especial, pois é uma forma de melhorar o dia de quem está longe dos familiares”, explica Letícia.
Para os funcionários do hospital, a visita sempre consegue tirar um sorriso dos semblantes habituados à seriedade da profissão. A enfermeira do centro cirúrgico do Hospital Universitário Cajuru Nadira Francisca dos Santos destaca que a chegada dos animais se torna ainda mais importante após meses intensos de trabalho e da tensão provocada pela pandemia. “Os corredores do hospital se enchem de luz e colorido quando recebemos essas visitas. São ações que podem ser resumidas em uma única palavra: amor”, diz.
Alegria que contagia
Além dos cachorros, outros grupos de voluntários também estão voltando aos poucos, como o Papai Noel, que foi visto circulando pelos quartos dos dois hospitais. “Vejo minha passagem arrancar sorrisos e lágrimas daqueles que estão internados. Levo alegria para muitas pessoas e, no final, sinto que sou a pessoa mais tocada por essas ações”, conta o “bom velhinho” voluntário.
Fazer o bem é parte da vida de Edna Miranda, que se veste de palhaça e multiplica risadas por onde passa. Voluntária no Hospital Universitário Cajuru há 7 anos, ela integra o grupo de palhaços do projeto Especialistas da Alegria. “Um trabalho que me transforma numa pessoa melhor. A gente doa, mas recebemos muito mais”, conta. No contato com os pacientes, é possível observar a emoção que sentem, e alguns não conseguem nem conter as gargalhadas, como é o caso de Elizangela Conceição. “É uma maneira de fazer a gente sorrir. Acima de tudo, os voluntários nos acolhem e isso é um remédio que não tem preço”, diz a paciente após receber a visita dos palhaços.
No fim de ano, ações humanitárias se fortaleceram e se adaptaram para continuar a transmitir a magia dessa época com alegria, amor e paz. “As visitas dos voluntários mostram aos pacientes que eles não estão sozinhos. Mesmo sem estatísticas que comprovam como eles ajudam na melhora daqueles que estão internados, sabemos, apenas pelos seus olhares, que conseguimos tocar o coração de cada um. Felizmente, essas ações têm uma aceitação muito grande dos pacientes e, também, dos colaboradores”, explica Nilza Brenny.