“Sentimento de desconforto, coração acelerado e, às vezes, descompassado”. Essas eram as queixas do gerente de TI Luiz Henrique Prohamann, 56 anos. Os sintomas surgiram há dois anos e, desde então, ele toma medicamentos para controlar a arritmia cardíaca – que são interrupções nas vias elétricas do coração e que fazem com que o órgão bata muito mais rápido ou devagar do que o ideal.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac), o problema afeta uma em cada quatro pessoas ao longo da vida e é responsável pela morte súbita de 300 mil brasileiros todos os anos. Segundo o cardiologista do Hospital Marcelino Champagnat, Mauricio Montemezzo, boa parte das arritmias cardíacas têm cura e algumas exigem apenas o acompanhamento clínico. “Casos mais simples podem ser tratados com consultas cardiológicas de rotina, outros com medicação, mas alguns mais graves pedem cirurgia que – dependendo da técnica – pode ser realizada sem a necessidade de abrir o tórax do paciente, diminuindo o tempo de recuperação e melhorando a qualidade de vida”, explica.
Novas tecnologias
Normalmente, é o raio x que direciona o cirurgião para localizar os cateteres no coração. Com a técnica bidimensional, é preciso movimentar a radiografia e a precisão não é exata. Por isso, o Hospital Marcelino Champagnat, que completa 11 anos no mês de novembro e é referência em cardiologia, investiu na aquisição de um equipamento eletroeletrônico, chamado EnSite X. Além da instituição paranaense, apenas dois outros hospitais possuem o equipamento: um em Porto Alegre e outro no Rio de Janeiro.
A tecnologia permite a realização do mapeamento cardíaco de alta densidade, em 3D. “A grande vantagem é conseguirmos ter acesso à morfologia perfeita do coração; onde o cateter vai encostando, ele vai desenhando. É como pegar uma canetinha e ir contornando o formato do órgão”, conta Montemezzo. “Nós também conseguimos mapear os potenciais elétricos, transformar em cores e desenhar o circuito da arritmia, identificando mais facilmente o potencial do problema e cauterizando esses locais”, complementa.
O sistema de mapeamento eletrônico é realizado por meio de um procedimento microinvasivo, com a inserção de uma cânula na virilha do paciente que vai até o coração. A alta é rápida e os cuidados pós-cirúrgicos são para evitar esforços nos primeiros sete dias e compressas de gelo para que não haja inchaço no local.