Em 2023, o Dicionário Oxford elegeu “rizz” como a palavra do ano, uma gíria que significa charme e estilo. Além dela, existem outras que, depois de viralizadas nas redes sociais, ganham destaque no dia a dia
O Dicionário Oxford, de língua inglesa, tem a tradição de eleger a Palavra do Ano. A escolha é feita com base em pesquisas realizadas na internet e também no impacto do termo na sociedade. A expressão que marcou 2023 foi “rizz”. Mas é bom saber que, além de ser uma gíria para descrever charme, atratividade ou estilo, ela também pode ser considerada como verbo, “rizz up”, que significa atrair ou conversar com alguém, segundo o dicionário.
A curiosidade é que essa palavra se tornou viral depois que o ator inglês Tom Holland, conhecido por seu papel como Peter Parker, o Homem-Aranha, mencionar em uma entrevista que não possuía nenhum “rizz”. A seleção da palavra do ano pelo Dicionário Oxford considera o uso da língua em diversas fontes, incluindo mídia, redes sociais e literatura, refletindo não somente a popularidade do termo, mas também o impacto cultural e social. “Acredito que grande parte dessa potencialidade de se tornar uma palavra amplamente reconhecida vem das redes sociais. A internet está tão presente na vida das pessoas que acaba ditando regras ou hábitos em vários aspectos: gírias, vestuário, hobbies e interesses em filmes e séries”, afirma Marco Antônio Katika, professor de Inglês do Positivo International School, em Curitiba (PR).
Alguns anos atrás, a palavra “cringe” (que, segundo o dicionário de Cambridge, significa “encolher-se”) viralizou na internet, principalmente entre os mais jovens, como equivalente a “cafona”. “Ela foi tão comentada que muitos a incorporaram ao seu vocabulário. É incrível o poder que as pessoas têm de alterar o significado das palavras, atribuindo-lhes novas interpretações. Isso demonstra como a língua é dinâmica e muda constantemente, parecendo ter vida própria. Ou seja, uma palavra se torna relevante quando está ligada a um fenômeno social”, observa o professor.
Ele lembra que, em 2022, o dicionário Merriem-Webster elegeu gaslighting como a palavra do ano. O termo se refere à prática de manipulação psicológica em que alguém é levado a acreditar que é culpado por erros que não cometeu. “Esse tema foi tão comentado nas redes sociais, que se tornou uma das palavras mais buscadas no Google naquele ano. Devido a essa relevância, o dicionário a escolheu como a palavra mais importante”, conta.
Por outro lado, uma palavra pode perder a relevância, cair em desuso ou até mesmo deixar de ser reconhecida se as pessoas pararem de utilizá-la. “Também pode ser vista como pomposa, arrogante, ou até mesmo “cafona” (ou cringe) caso ninguém a utilize”, complementa. “O termo ‘por obséquio’, por exemplo, tornou-se meme na internet alguns anos atrás, justamente porque as pessoas deixaram de usá-lo em seu vocabulário diário. Quem ainda insiste em utilizá-lo, vira piada”, explica.
No entanto, é preciso reconhecer que diferentes contextos demandam diferentes tipos de linguagem. “A maneira como converso com meu melhor amigo de infância não é a mesma da conversa que terei com meu chefe. Não uso os mesmos termos. Da mesma forma, ao escrever um texto acadêmico ou uma redação, não se espera que sejam utilizados termos muito informais”, esclarece. Isso ocorre porque a linguagem tem várias funções e deve ser adaptada de acordo com o contexto. “Por outro lado, a comunicação que usamos nas redes sociais faz parte do nosso cotidiano, e vamos incorporando esse vocabulário, por mais informal que seja, em diversos aspectos da nossa vida. Por isso, é importante que dicionários renomados, como o Oxford e o Aurélio, também incluam essas expressões, pois isso acaba legitimando o uso em contextos mais formais, como no ambiente corporativo e educacional”, adiciona. “Graças à internet, surgiram palavras singulares que, muitas vezes, não têm sinônimos equivalentes em português, como stalkear, crush, sextar ou até mesmo nude”, exemplifica.
Palavras que podem viralizar em 2024
Para este ano, já existem algumas palavras ou termos que podem continuar influenciando as redes, segundo o professor Marco Antônio Katika. “Eu apostaria na palavra situationship, que se refere àquela pessoa que você está conhecendo, se aproximando, desenvolvendo um vínculo e talvez até se envolvendo emocionalmente. Mas ela não é um/a namorado/a ou até mesmo um/a ficante. Não há outra palavra no português que possa descrever esse estado de “limbo” no início de um relacionamento amoroso, mas que, no fundo, ninguém quer admitir ou revelar para os amigos mais próximos”, revela. Outra palavra seria o ghosting, que é aquela pessoa com a qual você está desenvolvendo uma relação amorosa e, do nada, ela some e para de responder suas mensagens. E ainda, based, adjetivo para descrever uma pessoa autêntica, desconstruída.