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A aplicação de inúmeros projetos de incentivo à leitura e o desenvolvimento de um ambiente favorável à alfabetização das crianças tornou a educação de Águas Mornas um modelo para outros municípios catarinenses. A cidade, localizada na região da Grande Florianópolis (Granfpolis), alcançou média 7,2 no Ideb de 2017, depois de uma trajetória sem queda no índice desde 2009. As ações realizadas melhoraram o desempenho dos alunos, principalmente, na disciplina de Língua Portuguesa.
Ao cuidar do número de alunos na sala de aula, implantar 1/3 de hora-atividade nas escolas, contratar mais professores efetivos e implantar o cargo de coordenador pedagógico, o município conseguiu reduzir inúmeras dificuldades. “Nossos índices de reprovação melhoraram, chegando a 100% de aprovados na rede municipal, em 2018”, destaca o secretário municipal de Educação, Mário Fernandes.
Águas Mornas é uma das 21 cidades catarinenses que compõem o Arranjo de Desenvolvimento da Educação (ADE) Granfpolis – um modelo de trabalho em rede, apartidário, fundado em 2015 para que todos os municípios envolvidos busquem soluções para melhorar a qualidade do ensino público em prol de todo o território. De acordo com Fernandes, uma das ações que contribuíram sensivelmente para o sucesso no aprendizado das crianças de Águas Mornas foram as soluções educacionais implantadas pelo Arranjo para melhorar a alfabetização e corrigir a distorção idade/ano escolar, englobando aspectos pedagógicos e socioemocionais. “Isso não é feito com uma promoção automática, e sim com acompanhamento contínuo e trabalho conjunto, cuidando de todos os aspectos da criança, para ter bons resultados”, reforça o secretário.
Ao identificar os excelentes resultados de Águas Mornas, o ADE Granfpolis promoveu um workshop para que as práticas pudessem ser compartilhadas e servissem de inspiração para os outros municípios que participam do Arranjo. Essa é uma nova forma dos participantes do ADE colaborarem entre si e, em breve, boas práticas de outros municípios serão compartilhadas com o grupo. “Esse é um jeito de explorar e valorizar os conhecimentos e as práticas que já estão dentro do território, além de fortalecer os laços colaborativos entre os municípios participantes do ADE”, acrescenta a coordenadora de Responsabilidade Social do Instituto Positivo, Cristiane da Fonseca.
Os secretários de educação presentes no workshop saíram com ideias inspiradoras de práticas que podem ser replicadas nas suas cidades. Valneide Cunha Campos, secretária de Educação do município de Alfredo Wagner, afirmou que o território está evoluindo com o ADE – e que workshops como esse fortalecem ainda mais o projeto. “O compartilhamento das boas práticas de Águas Mornas é muito interessante. É um aprendizado que nos faz refletir sobre aquilo que a gente já tem feito e nos mostra que estamos evoluindo juntos. Exemplos como esse podem ser aproveitados em nosso município para também melhorar nossos índices de aprendizagem”, ressaltou Valneide.
Saiba mais sobre os ADEs
Quando se trata de ensino público, é responsabilidade prioritária dos municípios garantirem a oferta de vagas na Educação Infantil e no Ensino Fundamental – o que compreende a grande maioria dos alunos matriculados nas escolas públicas brasileiras. Logo, o avanço da educação pública hoje, no Brasil, depende muito do sucesso de gestores municipais. Em algumas regiões brasileiras, prefeituras, escolas e educadores parecem ter encontrado um caminho: se organizar em Regime de Colaboração, e uma das maneiras de se trabalhar nesse Regime é por meio do ADE – Arranjos de Desenvolvimento da Educação.
A proposta dos Arranjos foi homologada pelo MEC em 2011 e incluída como uma opção para o alcance das metas e das estratégias previstas no Plano Nacional de Educação, aprovado em 2014 (artigo 7º, parágrafo 7º). Os arranjos são um modelo de trabalho em rede, no qual um grupo de municípios com proximidade geográfica e características sociais e educacionais semelhantes buscam trocar experiências, planejar e trabalhar em conjunto – e não mais isoladamente -, somando esforços, recursos e competências para solucionar conjuntamente as dificuldades na área da educação. O Brasil possui hoje cerca de 12 ADEs, envolvendo algo em torno de 250 municípios trabalhando nesse modelo de colaboração. Outros 3 estão surgindo no Nordeste e no Sul do país. Alguns já conquistaram avanços consistentes que indicam que estão no caminho certo.
O ADE Granfpolis
Dedicado a estudar e a difundir a metodologia dos ADEs no Brasil, o Instituto Positivo é parceiro da Associação dos Municípios da Região da Grande Florianópolis (Granfpolis), em Santa Catarina. Com a Granfpolis, em uma articulação pioneira, lançaram, em 2015, o primeiro ADE do Sul do País. Atualmente, 21 secretários de educação da região e as suas equipes trabalham de forma conjunta, a fim de alcançar as quatro metas territoriais, definidas em comum acordo e que visam melhorar a qualidade do ensino no território. Em 2014, ano anterior à fundação do ADE, 16% dos alunos das redes municipais que compreendem o Arranjo estavam em situação de distorção idade/ano escolar. No total, 1.200 alunos, de 14 municípios, receberam atenção especial e participaram de programas de alfabetização e de aceleração na aprendizagem. Destes, 100% chegaram ao final de um ano em condições de fazer a progressão de nível. Eliziane conta que o maior problema era a alfabetização. “Com a implantação de metodologias específicas para alfabetização e correção de fluxo, 92% dos alunos atendidos saíram plenamente alfabetizados. Crianças que antes estavam excluídas da rotina diária da sala de aula, sem conseguir decifrar as palavras, hoje estão lendo um livro”, comemora Eliziane.