Participação dos jovens no processo eleitoral é a menor em 30 anos

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Educadores defendem a importância de falar sobre democracia com crianças e adolescentes na escola

Em 2020, apenas 5% dos jovens entre 16 e 17 anos estão aptos a votar nas eleições municipais, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Essa é a menor participação dessa faixa etária registrada nos últimos 30 anos. Para entender essa falta de interesse, o podcast PodAprender reuniu o professor do Curso Positivo e autor do Guia Prático sobre Democracia para Jovens, Daniel Medeiros, e a professora de História e mestre em Educação Maria Carolina Magalhães Santos para uma conversa sobre como a escola pode contribuir para despertar o interesse das crianças e adolescentes na democracia e nos processos políticos. 

Medeiros, que atua como professor há 36 anos, afirma que para educar cidadãos interessados no jogo democrático é preciso fazer com que eles entendam desde cedo como esse jogo funciona. “Não é que o jovem tenha se desinteressado da política, mas a política se desinteressou dos jovens. Isso porque a política exige conhecimento e prática e não é, portanto, um processo natural. Eu sempre relaciono isso a assistir ou jogar, por exemplo, o baseball. Imagine assistir a uma partida ou, pior, jogar baseball, sem conhecer as regras do jogo… seria impossível”, compara. Para ele, a escola precisa dar protagonismo ao jovem como um agente atuante nas decisões tomadas na comunidade escolar.

Por sua vez, Maria Carolina acredita que a escola funciona como uma fase intermediária entre a família e a sociedade. Ela lembra que o  ambiente escolar é o primeiro em que as crianças convivem com pessoas que não fazem parte de sua família e, por isso, torna-se o melhor lugar para o exercício da democracia. “A escola não pode ser 100% democrática porque há um projeto a ser seguido, mas ela pode abrir esse espaço para que o estudante não se sinta oprimido. Ela é um ambiente de preparação para a vida pública dentro de uma sociedade”, afirma.

Assim, algumas iniciativas da comunidade escolar podem contribuir para que os estudantes passem a compreender melhor como as decisões são tomadas na democracia. “Um bom exemplo é o grêmio estudantil. Por meio dele, há a participação dos alunos, que recebem essa autonomia e podem se eleger, formar chapas com seus colegas e propor coisas que funcionarão para o bem deles dentro da escola”, assinala Maria Carolina.

Esse tipo de oportunidade precisa ser aproveitada por professores e equipe pedagógica como uma forma de desenvolver nos estudantes a vontade de estar presente nos espaços de poder. “Uma pessoa nunca se sente oprimida quando ela obedece a algo de cuja definição ela mesma participou. E essas decisões são muito mais duradouras, porque são resultado do processo de elaboração de sujeitos livres e iguais”, lembra Medeiros. Ele destaca a importância de transmitir aos jovens a relevância de se defender regimes políticos democráticos. “A alternativa à democracia é o autoritarismo. O regime político democrático é o único que considera que todos aqueles que dele participam têm a mesma voz e os mesmos direitos de construir as regras que funcionarão para todos. E é preciso entender e assumir que, se eu não sou democrático, então eu sou autocrático e não considero que todos devam ter a mesma voz que eu”.

Essas e outras ideias para despertar o interesse dos jovens na política e na democracia estão no 14º episódio do podcast PodAprender, cujo tema é “Como ensinar democracia dentro e fora da sala de aula”. O programa pode ser ouvido no site do Sistema de Ensino Aprende Brasil (sistemaaprendebrasil.com.br), nas plataformas Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e nos principais agregadores de podcasts disponíveis no Brasil.

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