Pacientes que moram em hospitais SUS são abrigados por instituições de longa permanência e recebem nova família

Quanto menos tempo de internamento, melhor. Essa é a regra que norteia o trabalho de profissionais da saúde dos mais conceituados centros médicos. Ainda assim, um número considerável de pessoas não podem receber alta e acabam morando em unidades hospitalares. Situação vivenciada também no Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba (PR), onde internações de longa permanência são ocasionadas por fatores como abandono familiar, falta de condições de acolhimento, ou mesmo pela ausência de parentes. Também acontece quando o paciente precisa de supervisão 24 horas, aparelhos caros e tratamento longo, por causa do seu estado frágil de saúde.

Mas, mesmo diante de uma doença incurável ou de um diagnóstico com poucas chances de alteração, é possível ter esperança e conforto. Para encontrar formas de fazer com que os mais de 10 pacientes nessa situação não se sintam desamparados, os assistentes sociais do Hospital Universitário Cajuru lançam mão de diversas abordagens. “Fazemos tudo o que estiver ao nosso alcance, não somente para ajudar o paciente, mas também para humanizar o atendimento e lhes dar dignidade em todas as fases”, conta Kátia Schmeing, assistente social da unidade com atendimento 100% Sistema Único de Saúde (SUS). 

Pessoas idosas, em condição social vulnerável, com alguma deficiência ou, simplesmente, sem apoio de familiares. O perfil de pacientes que passam por alguma forma de negligência se repete. Na capital paranaense, por exemplo, 38 idosos foram abandonados em hospitais apenas nos cinco primeiros meses de 2021, de acordo com a Rede de Atenção e Proteção às Pessoas em Situação de Risco para a Violência do município. Para dar uma nova chance a esses pacientes, os hospitais contam com o apoio de instituições de longa permanência, como o Complexo de Saúde Pequeno Cotolengo. 

Conhecido pelo atendimento humanizado às pessoas com múltiplas deficiências, o Pequeno Cotolengo acolhe 230 pessoas em situação de risco e vulnerabilidade social, além de asilados hospitalares egressos do SUS. “Cada morador é recebido como um filho, um irmão e um membro de uma grande família, em que o laço que une a todos não é o sangue ou o sobrenome, e sim o amor”, declara o diretor técnico do complexo de saúde, Tiago Kuchnir Martins de Oliveira. Segundo ele, as particularidades de quem é atendido pela instituição trazem grandes desafios e pedem cuidados pautados pelo conhecimento científico e pela tecnologia.

União pela população carente

Promover melhoria da qualidade de vida da pessoa com deficiência e em situação de vulnerabilidade. Foi a partir dessa preocupação compartilhada por instituições filantrópicas que nasceu a parceria, iniciada em 2022, entre Hospital Universitário Cajuru e Complexo de Saúde Pequeno Cotolengo. “O trabalho conjunto pretende fortalecer e ampliar a rede de apoio para a população que necessita de cuidados especiais. Acreditamos que essa integração irá promover troca de experiências grandiosas e fortalecimento para ambas as partes”, afirma o gerente médico do hospital, José Fortes.

Referência em transplante renal e suporte a vítimas de trauma, o Hospital Universitário Cajuru realiza, em média, 147 mil atendimentos por ano, entre internamentos, urgências e emergências, cirurgias e consultas ambulatoriais. Dentro disso, a instituição vem para ajudar o Pequeno Cotolengo no tratamento de pacientes com doenças mais graves e que precisam de uma atenção redobrada. “Esse atendimento não tem nenhuma moeda de troca, além do aprendizado e expansão dos horizontes. Pois o impacto de cuidar de perto desses pacientes traz uma nova visão de mundo”, explica José Fortes.

Os reflexos da parceria já são sentidos por ambas as instituições. “Além da segurança e qualidade da retaguarda hospitalar, nossas organizações mostraram um alinhamento de objetivos e missão, o que está gerando um campo fértil para o desenvolvimento de diversos projetos voltados à melhoria da saúde, reabilitação e educação. A sinergia permite uma virada de chave, auxiliando de maneira desprendida os pacientes e deixando as portas abertas para oportunidades antes apenas sonhadas”, conclui Tiago.

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