OPINIÃO – A (boa) pandemia tecnológica na construção civil

Drones, softwares de alta precisão, construção modular, realidade aumentada, robôs, BIM… Com certeza você já ouviu falar de algumas dessas tecnologias, certo? Parte delas já eram utilizadas por construtoras e incorporadoras nas obras, mas ganharam ainda mais destaque no último ano. Impulsionadas pela pandemia, as inovações tecnológicas se tornaram ainda mais relevantes no setor da construção civil. A covid-19 acelerou em pelo menos três anos a adoção de tecnologias digitais no setor da construção, segundo estudo global realizado pela consultoria McKinsey. Isso porque a transformação digital dentro das obras passou a ser uma necessidade em meio ao “novo normal” e ao jeito diferente de morar e conviver.

A busca por casas ou apartamentos maiores disparou desde o começo da crise sanitária, no ano passado. Com o isolamento social, muitas pessoas passaram a ficar mais tempo em casa e tiveram que adaptar-se ao home office e ao homeschooling, por exemplo. E essa necessidade de ter mais conforto e espaço, aqueceu o mercado imobiliário.

Para se ter uma ideia, o Brasil registrou aumento de 46,1% no número de apartamentos novos vendidos no primeiro semestre de 2021, em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados divulgados em agosto deste ano pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). 

Mas, se as pessoas passaram a buscar residências  espaçosas, os prazos das construtoras ficaram mais apertados. Todas, sem exceção, precisaram acelerar para se adaptar à nova realidade desse mercado com demanda crescente. O tempo já era um ‘item de luxo’ antes da pandemia. Agora é ainda mais valioso.

Com a alta demanda e a queda no número de unidades disponíveis em estoque, a tecnologia tem sido a principal aliada das construtoras para acelerar processos e reduzir as perdas e o impacto no meio ambiente. Nos últimos anos, as empresas do setor vêm lançando mão de novas soluções para otimizar a execução das obras e melhorar a qualidade das edificações, priorizando também os prazos de entrega.

Algumas vêm utilizando sistemas inteligentes e modernos que auxiliam e agilizam as etapas de construção. Além dos modulares, usados em larga escala, a tecnologia de ponta veio para facilitar a execução da obra e ganhou ainda mais protagonismo.

Entre os recursos aplicados às obras residenciais e corporativas, a Modelagem da Informação da Construção (BIM, na sigla em inglês) é a que mais se destaca. Essa metodologia permite criar soluções digitais, manejando coordenadamente toda a informação de uma obra. A evolução dos projetos em BIM proporciona maior domínio sobre as atividades que serão executadas. É possível prever, por exemplo, as possíveis interferências e os impactos no canteiro e antecipar soluções na realização dos projetos.

No desenvolvimento de produtos e materiais a construção civil também demonstra uma enorme evolução, com construções monolíticas em parede de concreto e a utilização de peças pré-moldadas, entre outros recursos.

A tecnologia a favor da qualidade e da gestão das obras inclui ainda a utilização de drones para o monitoramento das edificações. E o uso de tablets em campo representa outro avanço importante. Graças ao equipamento, a liderança consegue sanar dúvidas e problemas técnicos em tempo real e acessar softwares para checagem de serviços e materiais, além de poder ter controle de todas as atividades desenvolvidas.

A construção civil brasileira sempre foi uma área muito ‘artesanal’, pois depende diretamente da qualificação da mão de obra. Mas, nos últimos anos, principalmente durante a pandemia, foi possível perceber que as construtoras e incorporadoras têm utilizado a tecnologia a seu favor, com soluções inovadoras – muitas delas desenvolvidas aqui mesmo no Brasil. Afinal, a tecnologia e os materiais agregados à construção não apenas aumentam a produtividade durante a obra, como também são fundamentais para garantir a qualidade do produto final.

No caso da construção civil, essa pandemia de tecnologia foi benéfica a todos. Tomara que ela continue “viralizando”. 

 

*Daniele Cintra Sagrado é gestora de Assistência Técnica do Grupo A.Yoshii

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