Nesta terça, instituições privadas discutem Adaptação baseada em Ecossistemas durante a COP23

Organizações brasileiras e estrangeiras irão trocar experiências sobre o tema que vem se tornando alternativa para se adequar às mudanças climáticas

A natureza como solução para adaptação às alterações climáticas será o tema principal do debate entre organizações brasileiras e estrangeiras em um dos side events da 23ª Sessão da Conferência das Partes (COP 23) da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima, realizado em Bonn, na Alemanha, nesta terça-feira, dia 14 de novembro, às 15 horas.

O evento faz parte de mobilizações realizadas também pelo setor empresarial e sociedade civil para apresentar iniciativas que possam contribuir para o cumprimento da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, sigla em inglês), que são as metas estabelecidas pelos Governos durante a COP21, para o Acordo de Paris. Realizado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, o evento tem em parceria de European Commission, IEFE – Bocconi University, SPVS, UNDP Tunisia e World Bank, que irão levar suas experiências dentro do tema proposto. O encontro tem como objetivo discutir o papel dos serviços dos ecossistemas na adaptação, os impactos das alterações climáticas e os riscos de desastres associados, com base em estudos de caso de sucesso implementados em zonas costeiras, rurais e urbanas, a partir de diferentes perspectivas.

“Dentro desse foco, a Fundação Grupo Boticário vai levar a ideia principal do nosso trabalho e mostrar como fomos capazes de influenciar o desenvolvimento do Plano Nacional de Adaptação à Mudança no Clima. No Brasil, o número de projetos com Adaptação à base de Ecossistemas (AbE) ainda é incipiente, no entanto, as poucas experiências encontradas demonstram o potencial dessa estratégia, considerando sua efetividade e custo-benefício”, explica Juliana Ribeiro, analista de projetos ambientais da Fundação Grupo Boticário e uma das palestrantes do evento.

Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza
Com base na pesquisa feita pela instituição, várias recomendações objetivas foram sugeridas com o intuito de incluir a AbE nas políticas públicas que ajudam a abordar a adaptação à mudança climática. Além disso, a Fundação irá apresentar os resultados preliminares da chamada de propostas sobre Soluções Baseadas na Natureza para as demandas reais no Brasil, demonstrando a importância da manutenção de áreas protegidas para aumentar o bem-estar e a qualidade de vida da população. “Também estamos desenvolvendo um estudo sobre a infraestrutura natural para a segurança da água no Brasil, em parceria com a WRI Internacional, IUCN, TNC e IBio, que tem como meta elucidar os principais gargalos para a implementação de soluções baseadas na natureza para a segurança da água no Brasil, usando um estudo de caso com foco em três das maiores capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro e Vitória”, comenta Juliana.

IEFE – Boccono University
A IEFE-Bocconi University apresentará uma metodologia para avaliar Soluções Baseadas da Natureza (SBNs) implementadas nas cidades. Uma revisão das metodologias para medir as SBNs também será fornecida, além de estudos de caso sobre a avaliação e valorização delas. Em outro momento, o diretor de pesquisas da Universidade, Edoardo Croci, dará algumas ideias sobre o projeto H2020 Urban Greenup, focado na implementação e avaliação de SBNs em três cidades europeias. “As SBNs são estritamente ligadas ao bem-estar humano e, de fato, sua implementação gera uma série de impactos, benefícios e efeitos colaterais sobre o ambiente humano. Por isso, para avaliá-las é necessário o uso de metodologias que são capazes de pegar todos esses aspectos”, avalia Croci.

Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS)
O projeto apresentado pela SPVS para este evento é chamado Condomínio da Biodiversidade (ConBio) – também um estudo de caso de Adaptação baseada em Ecossistemas (AbE) – que consiste em um projeto de Conservação da Biodiversidade desenvolvido em parceria com prefeituras municipais, no qual o foco é a conservação da floresta nativa. De acordo com o analista de Clima da SPVS, André Zecchin, neste projeto a conservação da biodiversidade é usada como estratégia de adaptação às alterações climáticas e tem a premissa de que a presença de mata nativa preservada em ambientes urbanos oferece maior resiliência e reduz a vulnerabilidade a eventos climáticos extremos, como o aumento das chuvas ou severidade de seca.

UNDP Tunisia
O objetivo do projeto apresentado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNDP, na sigla em inglês) da Tunísia será promover estratégias de adaptação inovadoras, tecnologias e opções de financiamento para enfrentar os riscos adicionais decorrentes das alterações climáticas sobre as populações e os setores socioeconômicos-chave em áreas costeiras mais vulneráveis da Tunísia. “Especificamente, serão duas as áreas de apoio: Djerba Island (também conhecida como Jerba) e uma porção ao longo da costa noroeste do Golfo de Tunis. Dos 52 km de praia de areia em Djerba, cerca de 22 km ao longo da costa nordeste são explorados pela maioria dos habitantes da ilha e os numerosos turistas que visitam o local. Após um mapeamento de vulnerabilidade, foi constatado que Djerba está em perigo de perder todas as suas praias se nada for feito”, analisa o diretor da UNDP Tunisia, Adel Abdouli. Para isso, o projeto aborda formas de manter e melhorar as praias e aumentar a sua resistência aos impactos das alterações climáticas, em particular a subida do nível do mar. No caso de Ras Errmal – localizado entre a costa noroeste do Golfo de Tunes – que também tem uma zona úmida RAMSAR, funções de importantes ecossistemas serão preservadas e melhoradas a fim  de garantir o fornecimento contínuo de seus serviços ambientais e socioeconômicos.

World Bank
A avaliação de viabilidade, concepção e implementação de Soluções baseadas na Natureza (SBN) é um processo multifacetado, que precisa ser bem entendido antes que tais soluções sejam efetivamente implementadas. No entanto, isso nem sempre acontece e, como resultado, muitos projetos não conseguiram produzir resultados positivos. Nesta apresentação, o Banco Mundial  trará orientações sobre melhores práticas na implementação de SBNs, que estão sendo discutidas no mundo inteiro. Além disso, será apresentada a versão inicial de uma nova plataforma on-line, desenvolvida por eles, que funcionará como um repositório central para projetos de SBN e diretrizes de implementação acionáveis. A apresentação também servirá como um convite à comunidade científica para compartilhar suas experiências e lições aprendidas, e contribuir para o delineamento de melhor orientação prática.

Sobre a Fundação Grupo Boticário

A Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza é uma organização sem fins lucrativos cuja missão é promover e realizar ações de conservação da natureza. Criada em 1990 por iniciativa do fundador de O Boticário, Miguel Krigsner, a atuação da Fundação Grupo Boticário é nacional e suas ações incluem proteção de áreas naturais, apoio a projetos de outras instituições e disseminação de conhecimento. Desde a sua criação, a Fundação Grupo Boticário já apoiou 1.528 projetos de 501 instituições em todo o Brasil. A instituição mantém duas reservas naturais, a Reserva Natural Salto Morato, na Mata Atlântica; e a Reserva Natural Serra do Tombador, no Cerrado, os dois biomas mais ameaçados do país.  Outra iniciativa é um projeto pioneiro de pagamento por serviços ambientais em regiões de manancial, o Oásis. Na internet: www.fundacaogrupoboticario.org.brwww.twitter.com/fund_boticario e www.facebook.com/fundacaogrupoboticario.

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