Indaiatuba utiliza engenharia genética no combate ao Aedes aegypti

Ovos do mosquito criado em laboratório são liberados em regiões específicas da cidade do interior paulista

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Indaiatuba (SP) é a primeira cidade do mundo a receber a segunda geração do “Aedes do Bem™”, um mosquito geneticamente modificado para suprimir a população do Aedes aegypti, contribuindo para o combate de doenças como dengue, Zika, febre amarela e Chikungunya.

Os “Aedes do Bem™” são mosquitos machos que não picam e não transmitem doenças – resultado de mais de doze anos de pesquisa. Ele foi feito em laboratório, dentro da Universidade de Oxford, na Inglaterra, e depois,  trazido para o Brasil, onde os pesquisadores brasileiros aprimoraram a técnica para funcionar aqui no nosso país.

Foram modificados dois genes no ‘Aedes do Bem™’. São dois genes seguros, um deles é marcador, que, ao ser adicionado ao mosquito faz com que ele fique florescente para que se possa identificá-lo na natureza; e o outro gene já está presente nos insetos, mas foi aumentado de tal forma que, quando o ‘Aedes do Bem™’ cruza com a fêmea selvagem, os ovos femininos que ela gera não chegam à fase adulta, reduzindo a quantidade dos mosquitos causadores de doenças”, conta. Isso porque só as fêmeas picam os humanos.

A liberação da segunda geração do “Aedes do Bem™” em Indaiatuba iniciou na última sexta-feira (18/10). Os insetos estão sendo distribuídos em caixas, ainda na fase de ovos, em vez de fazer a soltura dos mosquitos já adultos na natureza, como aconteceu há um ano, na primeira fase do projeto. O “Aedes do Bem™” foi considerado seguro pela Agência Regulatória Brasileira – não oferecendo riscos nem aos romanos e nem ao meio ambiente.

A diretora da Oxitec do Brasil, Natália Ferreira, explica que, ao adicionar água dentro da caixa de papelão, os ovos masculinos se transformam em larvas, de larvas a pupas, de pupas a adultos. “Quando o adulto estiver pronto, ele vai sair da caixa por um buraquinho para procurar fêmeas e acasalar”, conta. As caixas estão sendo colocadas em 12 bairros de Indaiatuba, com alto nível de infestação do Aedes aegypti.

Além da redução de custo com a produção em laboratório e a logística para a distribuição dos mosquitos adultos, com o uso dos ovos do “Aedes do Bem™ será possível alcançar lugares mais distantes. “O ovo é estável para transporte, já o mosquito adulto não”, justifica Natália.

A aplicação desta tecnologia não impede o uso de ferramentas convencionais de controle vetorial já implantadas pela Prefeitura, que continuará a campanha para eliminar os pontos de água parada onde o Aedes aegypti se reproduz. “O objetivo é que o novo mosquito ‘Aedes do Bem™’ seja avaliado como uma estratégia adicional no combate ao mosquito transmissor de dengue, Zika, febre amarela e Chikungunya”, informou o coordenador do Programa de Controle do Aedes aegypti da Secretaria Municipal de Saúde de Indaiatuba, Ulisses Bernardinetti.

O número de casos de dengue disparou 1.631% neste ano, em Indaiatuba, em relação à 2018. Para se ter uma ideia, no ano passado foram registrados 16 casos confirmados. Já neste ano, o número saltou para 277 casos confirmados da doença. Deste total, 266 foram autóctones, ou seja, transmitidos dentro do próprio município.

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