Manter o equilíbrio entre o tempo em frente às telas e atividades ao ar livre é essencial para o bom desenvolvimento das crianças e para que o recesso escolar se torne mais proveitoso
[flgallery id=2815 /]
As férias de verão são um dos períodos mais desafiadores para pais com filhos em idade escolar. São cerca de dois ou até três meses nos quais é preciso criar atividades para entreter os pequenos. O desafio torna-se ainda maior e mais complexo para as famílias com pais que não conseguem folga no mesmo período. Embora as telas (celulares, computadores e videogames) sejam atrativos mais práticos, apostar em atividades e brincadeiras ao ar livre e em contato com a natureza é uma alternativa que não deve ser deixada de lado, especialmente para o desenvolvimento cognitivo das crianças.
Para a coordenadora do Programa Criança e Natureza do Instituto Alana e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, Laís Fleury, é preciso haver equilíbrio entre a tecnologia e a vida real. “A tecnologia passou a ser uma narrativa para a criança. Os pais precisam ficar atentos se a maior parte do tempo livre está sendo tomada pelas telas, pois isso é preocupante”, afirma. Permitir que as crianças passem longos tempos em frente à televisão, celular, tablets ou videogame pode interferir em seu desenvolvimento.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), crianças de até 5 anos devem passar, no máximo, uma hora por dia em frente às telas, sendo que as menores de 1 ano não deveriam nem ter o contato inicial. O estudo aponta que o excesso de tempo em frente aos eletrônicos atrapalha o sono e diminui a incidência de atividades físicas. “A criança precisa ter uma vida equilibrada e o contato com a natureza é essencial, pois constrói um repertório de atividades e vivências reais que contribuem para a construção de um pensamento crítico, de entender que tem muita vida lá fora e ficar só na tela não é legal”, acrescenta Laís.
Envolvimento com a natureza
O contato com a natureza desde cedo é benéfico para o desenvolvimento e bem-estar da criança, com grandes chances de torná-la um adulto mais consciente e preocupado com o meio em que vive. Segundo pesquisa realizada nos Estados Unidos, pequenos que brincam e interagem com a natureza tendem a ser adultos que se importam com o meio ambiente devido às suas memórias afetivas. Além disso, se desenvolvem melhor em aspectos físicos, cognitivos, emocionais, sociais e sensoriais.
“É importante que a criança se movimente em um ambiente aberto, que possa sentir, tocar, vivenciar o natural. Assim, ela também nutre a criatividade. A criança na natureza cria o próprio brinquedo e estimula a imaginação, relacionando os elementos naturais em infinitas possibilidades”, salienta Laís.
Sugestões de atividades ao ar livre
Laís dá algumas dicas para os pais explorarem a criatividade das crianças em meio à natureza, como fazer móbiles com galhos, carimbos com folhas ou curadoria de livros relacionados à natureza. Levar as crianças para brincar em praças e parques, acampar – mesmo que no quintal de casa –, trocar o carro pela bicicleta e caminhada ou sugerir o fechamento de parte de uma rua sem movimento em determinado dia e horário para que as crianças possam usá-la com mais segurança também são boas possibilidades.
A especialista ainda destaca o GPS da Natureza, ferramenta criada pelo Programa Criança e Natureza que conta com o mapeamento de áreas verdes, parques, espaços urbanos, com filtros e sugestões de atividades. “É preciso priorizar estar ao lado de fora e as oportunidades ao ar livres para deixar as crianças mais soltas em prol do seu desenvolvimento e da conscientização sobre a importância de proteger a natureza”, finaliza.
Sobre a Rede de Especialistas
A Rede de Especialistas de Conservação da Natureza é uma reunião de profissionais, de referência nacional e internacional, que atuam em áreas relacionadas à proteção da biodiversidade e assuntos correlatos, com o objetivo de estimular a divulgação de posicionamentos em defesa da conservação da natureza brasileira. A Rede foi constituída em 2014, por iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Os pronunciamentos e artigos dos membros da Rede refletem exclusivamente a opinião dos respectivos autores.