Proposta visa amenizar impacto do descarte incorreto na natureza. Plástico será reciclado e transformado em novas peças, com oportunidades de geração de renda
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O descarte incorreto de plásticos é um problema mundial. Apenas 1,26% das 11 milhões de toneladas de plástico fabricado anualmente no Brasil é reciclado. Do restante, 80% param nos oceanos, segundo dados da WWF. Como forma de amenizar esse impacto, cinco mulheres que vivem no litoral paranaense estão adaptando o projeto do holandês Dave Hakkes para desenvolver uma estação de reciclagem de plástico que processará os resíduos plástico.
“A ideia é ter um espaço onde empresas e pessoas possam trazer o plástico. Em seguida, nós auxiliaremos na separação por tipo de material, trituração e transformação em outros produtos, como capinhas de celular, chaveiros, balde e mármore plástico, trazendo uma solução para o aporte de lixo plástico”, afirma Ellen Joana Cunha, idealizadora do negócio socioambiental Marixo.
Próxima de finalizar seu segundo mestrado, Ellen estuda assuntos relacionados às ciências ambientais, tecnologia e sociedade. Moradora de Paranaguá, no litoral paranaense, ela identificou nos oceanos uma forma de conservar a natureza e gerar renda. “Como nós estamos em uma cidade litorânea, ter ações como essa são de suma importância para a redução do aporte de lixo no mar. Estudos científicos comprovam que mais de 80% do lixo que alcançam os oceanos são produzidos em terra. O plástico é o artefato do século 20. Foi uma novidade, mas hoje está se tornando um problema”, comenta.
O projeto ganhou forma quando Ellen começou a participar do Programa Natureza Empreendedora, criado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza para fomentar a cultura do empreendedorismo e desenvolver iniciativas inovadoras com impacto socioambiental positivo. “Eu estou alcançando um sonho profissional e pessoal, que é colocar em prática, melhorar e expandir essa ideia para algo que pode realmente impactar e contribuir com o meio ambiente. Se não fosse esse momento de formação e de troca, talvez seria mais uma pesquisa parada na biblioteca de uma universidade”, ressalta. Para ser colocada em prática, a iniciativa necessita do apoio de investidores.
Natureza Empreendedora
O Marixo foi uma das iniciativas desenvolvidas no Programa Natureza Empreendedora, que auxilia a articulação de negócios inovadores na região do Lagamar paranaense. As propostas desenvolvidas visam explorar o potencial econômico da região, capacitar a comunidade local e aumentar a oferta de emprego com impacto positivo ao meio ambiente. Ao todo, 35 empreendedores de Antonina, Morretes, Paranaguá e Guaraqueçaba estão envolvidos no Natureza Empreendedora, que também conta com o apoio do Sebrae-PR na fase de ideação de propostas.
“Queremos mostrar que desenvolvimento econômico e conservação da natureza conseguem andar lado a lado, gerando benefícios para o meio ambiente e para a comunidade local. É o chamado ‘negócio de impacto’ que gera resultados financeiros positivos de forma sustentável e ainda protege e valoriza o patrimônio natural”, destaca Guilherme Karam, coordenador de Negócios e Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário.
Iniciado em 2018, o Natureza Empreendedora foi estruturado a partir da identificação do potencial empreendedor aliado à conservação da Mata Atlântica em alguns municípios da região do Lagamar paranaense. O estudo concluiu que há espaço para inovação, melhoria da qualidade de vida da população e agregação de valor, com impacto socioambiental positivo. A pesquisa também mapeou que os jovens desejam continuar na região, mas não encontram oportunidades, e que existe pouco senso de valorização e identidade da Mata Atlântica.
Sobre a Fundação Grupo Boticário
A Fundação Grupo Boticário é fruto da inspiração de Miguel Krigsner, fundador de O Boticário e atual presidente do Conselho de Administração do Grupo Boticário. A instituição foi criada em 1990, dois anos antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra, evento que foi um marco para a conservação ambiental mundial. A Fundação Grupo Boticário apoia ações de conservação da natureza em todo o Brasil, totalizando mais de 1.500 iniciativas apoiadas financeiramente. Protege 11 mil hectares de Mata Atlântica e Cerrado, por meio da criação e manutenção de duas reservas naturais. Atua para que a conservação da biodiversidade seja priorizada nos negócios e nas políticas públicas, além de contribuir para que a natureza sirva de inspiração ou seja parte da solução para diversos problemas da sociedade. A instituição defende que o patrimônio natural bem conservado é a base para o desenvolvimento econômico e bem-estar social. Também promove ações de engajamento e sensibilização, que aproximam a natureza do cotidiano das pessoas.