Da aprendizagem ao empreendedorismo, jovens consolidam trajetórias no mercado de trabalho

Programa de Aprendizagem se fortalece como porta de entrada para construção de carreiras cada vez mais prósperas

A primeira vez que Heloisa dos Santos entrou em uma empresa como funcionária, tinha 18 anos e havia sido recém-contratada como aprendiz. Aquele era um mundo completamente novo para ela, que, até então, cumpria apenas seus compromissos de estudante do 1º ano da faculdade de administração. A jovem permaneceu como aprendiz durante 16 meses no setor de compras de uma empresa do ramo farmacêutico, desenvolvendo habilidades profissionais que a escola, sozinha, não poderia proporcionar. Quando seu contrato terminou, ela estava preparada para abrir seu próprio negócio.

“O fato de ter sido aprendiz me ajudou muito a desenvolver meu plano de carreira, principalmente. Eu percebi que tenho perfil de liderança e me descobri na área de compras. Então, comecei a pensar o que eu gostaria de fazer na vida e entendi que trabalhar com compra e venda me atraía”, conta a estudante, hoje com 19 anos. Hoje ela é dona da Moana Plus Size, uma loja totalmente on-line que comercializa roupas plus size. A história de Heloisa não é um caso isolado. Muitos jovens brasileiros têm começado sua trajetória profissional como jovens aprendizes.

Criada no ano 2000, a Lei de Aprendizagem determina que todas as empresas de médio e grande portes precisam contratar aprendizes que tenham entre 14 e 24 anos. Desde então, mais que uma simples obrigação, a regra tem permitido que estudantes de todo o país possam ter um contato direto com a realidade do mercado de trabalho antes de decidirem qual profissão seguir. Além disso, o Programa de Aprendizagem permite que esses jovens profissionais tenham um vínculo de trabalho formal, com renda e todas as garantias trabalhistas.

Para a gerente da Divisão de Capacitação e Cidadania do Centro de Integração Empresa-Escola do Paraná (CIEE/PR), Simone Paulin, a legislação foi um grande salto para possibilitar a inserção de sangue novo nos mais diversos setores. “A Lei da Aprendizagem é um trabalho social, um trabalho de formação profissional e um trabalho de educação, tudo em um só programa. O jovem aprendiz terá, portanto, um suporte tanto na empresa que o contrata e o treina para aquela função quanto no CIEE/PR, com uma equipe que conta com pedagogos, psicólogos, instrutores e assistentes sociais”, lembra. Quando um jovem é contratado, ele precisa obrigatoriamente estar estudando no ensino regular, além de participar de um curso na instituição formadora, que é o caso do CIEE/PR. O ganho social é significativo, dado que, em muitos casos, os jovens aprendizes estão em situação de vulnerabilidade. 

Uma carreira possível graças à Aprendizagem

Assim como Heloisa, muitos outros jovens brasileiros encontraram nos programas de aprendizagem uma forma de se preparar melhor para a vida profissional. No Paraná, o número de contratações por meio da Lei de Aprendizagem cresce, em média, cerca de 20% ao ano. Durante a pandemia, o Ministério da Economia continuou pedindo que as empresas não parassem de contratar. Essa é uma forma de garantir que esses jovens, que muitas vezes já estão em situação vulnerável, não tenham sua situação econômica ainda mais agravada.

Cesar Felipe Krull, hoje com 22 anos, começou como aprendiz e atualmente é auxiliar mecânico. “A experiência que obtive me ajudou a ter uma boa postura no trabalho e me mostrou caminhos para crescer na profissão. Quando fui efetivado foi uma alegria enorme, porque eu sempre disse que gostaria de trabalhar nessa empresa”, conta.

Uma das responsáveis pela efetivação de Krull, Vanessa Takiguchi, analista de recursos humanos da Vianmaq Equipamentos, considera que ser um jovem aprendiz já é uma parte indispensável da experiência profissional. “Talentos como o do Cesar são mais aproveitados quando treinados desde cedo. Assim, eles já chegam à idade adulta com uma compreensão mais ampla de como funciona o dia a dia da empresa e das funções que eles desempenham. Alguns aprendizes se destacam e, para nós, é muito importante conseguir ajudar essas pessoas a ingressarem no mercado de trabalho”, ressalta.

Sobre o CIEE/PR

Há mais de 53 anos, o Centro de Integração Empresa-Escola do Paraná (CIEE/PR) atua para promover a integração dos jovens ao mercado de trabalho. Por meio de programas de estágios e aprendizagem, cursos de capacitação e cidadania e programas sociais, a instituição contribui para o desenvolvimento econômico e social do Estado. Com 37 unidades operacionais distribuídas em todas as regiões do Paraná, o CIEE/PR tem uma média mensal de 20 mil estagiários e já recebeu cerca de 30 títulos de Utilidade Pública. Está registrado nos Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente em mais de 70 municípios e tem como um de seus propósitos trabalhar para fortalecer o desenvolvimento humano e social.

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