Por Bruna Zembuski
Já completamos quatro anos do lockdown. Na Central Press, ainda no início de março, tornou-se opcional ir ao escritório, que já adotava o formato home office uma vez por semana. Lembro de uma reunião ao ar livre com a equipe, poucas semanas antes, para pensarmos em pautas relacionadas ao coronavírus. Sabíamos da necessidade de nos prepararmos e, para cada cliente, desenvolvemos estratégias adequadas a diversos cenários.
Naquele começo, sabíamos que o assunto dominaria o noticiário, mas talvez não soubéssemos que seria pauta de todas as editorias, de saúde à tecnologia, de carreira à educação, nem que seria por tanto tempo. Sabíamos que era preciso nos reinventar para continuar trabalhando. Claro que não imaginamos que aquelas reuniões on-line passariam a ser rotina. Que em vez de passar 1 ou 2 horas no trânsito para ir e voltar do escritório, teríamos mais tempo para cuidar da saúde, dos filhos, do pet, da casa… Também não imaginamos que iríamos nos arrumar e até passar maquiagem para ficar em casa. Muito menos que faríamos festas juninas via Meet. Que teríamos vídeo-chamadas para comemorar aniversários. Não imaginávamos que veríamos tantas transmissões ao vivo nas redes sociais. Uma coisa que certamente nem pensamos era que teríamos que desmentir que a vacina da covid-19 não transformaria ninguém em jacaré.
De uma coisa tínhamos certeza: o jornalismo seria essencial para atravessar aquele período. Em março daquele ano, 90% das pautas divulgadas para apenas um cliente da área educacional foram sobre o coronavírus. Aprendemos juntos como escrever corretamente o nome do vírus. Ajudamos a levar informação para a sociedade sobre serviços gratuitos, cursos, palestras, ferramentas, produtos… Diversas fontes ajudaram a levar informação com credibilidade para emissoras de rádio e TV – tudo via vídeo ou áudio gravado de casa, pela própria fonte. Outro legado que a pandemia nos deixa é a possibilidade de gerar conteúdo dessa forma, otimizando o tempo tanto dos jornalistas da redação quanto dos porta-vozes.
Mais do que nunca, ter informação séria, pautada na verdade, foi importante para a sobrevivência. Uma pesquisa da Kantar IBOPE Media mostrou que 74% das pessoas aumentaram ou mantiveram o consumo de rádio. A mídia se destacou entre as demais de março a junho de 2020, principalmente devido à busca por informações sérias e pautadas na verdade sobre a covid-19 e opções de entretenimento, ressaltando a relevância da informação confiável em tempos de crise.
Lives, aplicativos, podcasts, redes sociais… Claro que tudo isso já existia. Mas a pandemia causou uma mudança cultural, acelerando processos que já estavam em curso. Estreitar laços por meio da tecnologia nunca foi tão importante. 66% dos usuários da internet acompanharam transmissões de áudio ou vídeo em tempo real, 90% assistiram a vídeos, filmes ou séries, 70% leram jornais, revistas e notícias, e 90% utilizaram a internet para ouvir música. O receptor mudou, a mídia se adaptou. De acordo com a Chartable, plataforma de análise de podcast, 885 mil novos podcasts foram lançados em 2020, contra 318 mil em 2019.
Hoje, após quatro anos – que mais parecem uma década – muito daquilo que fazíamos virou o famoso “novo normal”. Empresas fecharam escritórios, e o anywhere office agora é mais comum. Perder tempo em longos deslocamentos? Uma chamada de vídeo resolve… A tecnologia nos ajudou a manter a comunicação e otimizar o tempo. Mas é a presencialidade que torna as relações mais humanas, seja para um café ou uma festa junina.
*Bruna Zembuski, especialista em Assessoria, Gestão da Comunicação e Marketing, é coordenadora de Atendimento na Central Press.