Artigo: Vestibular: A Fórmula do Sucesso

Por Renato Ribas Vaz, professor aposentado da Universidade Federal do Paraná e sócio-fundador do Grupo Positivo

 
A cada ano, o estudante entra no cursinho menos preparado para enfrentar o vestibular. O jovem de hoje recebe muitas informações e não consegue processar todos os dados a que tem acesso. Ele é muito informado, mas absorve pouco. Costumou-se a receber tudo pronto, então possui dificuldade para desenvolver visão crítica. Assim, o que mais presenciamos entre eles é a falta de foco e concentração.
O primeiro passo para a definição do foco é saber para onde está caminhando. “Quando não se sabe para onde quer ir, qualquer caminho é certo”, já dizia o ditado. Ou seja, o que adianta se matricular num cursinho se vai prestar vestibular para um curso sem concorrência? É uma grande perda de tempo. E de dinheiro. O primeiro desafio, então, é a escolha da profissão – e o mais importante, da instituição onde vai cursar a graduação. Tendo isso em mente, o caminho está traçado. O aluno sabe qual concorrência vai enfrentar e o quanto tem que se dedicar aos estudos para chegar lá. No vestibular, não se passa nem se reprova. O candidato se classifica. Às vezes, o aluno com uma média 3 entra. Por outro lado, há casos que não entra com média 7,2.
Se o candidato vai fazer um vestibular difícil, tem que ter um bom preparo: estudar bastante, enfrentar dificuldades para que alcance o sucesso num determinado momento. E para ter melhor rendimento, a receita é simples: sistematização dos estudos. Não adianta estudar de 3 a 4 horas seguidas a mesma matéria, como é hábito dos jovens. Dessa forma, ele se esgota e não vê todo o conteúdo. No vestibular, todas as disciplinas são importantes. Se for tentar Engenharia, por exemplo, não adianta estudar só Matemática e Física. Se reprovar em Química e Biologia, não vai entrar na faculdade. É melhor saber um pouco de tudo que nada de alguma coisa.
Assim, a ordem é clara: estudar sistematicamente as mesmas disciplinas, na mesma ordem das aulas do dia. Ou seja, se teve 50 minutos de aula de história, vai estudar os mesmos 50 minutos de história no contraturno. Quando o despertador tocar, pula para a próxima matéria, mesmo que não tenha terminado todos os exercícios. No fim de semana, complementa os estudos com as disciplinas de maior dificuldade e uma boa leitura, para se preparar para a redação.
O computador, o telefone, o rádio, a música são ferramentas que mais atrapalham do que ajudam nos estudos. Se um vestibulando está estudando e escutando música, mesmo que não esteja prestando atenção na letra da música, o subconsciente está processando. Quando a música parar, ele vai fugir do que estava vendo, vai perder a concentração. Quem tem um bom material didático, não precisa de tanta tecnologia. Só vai perder tempo. Porque com o computador ligado, ninguém vai deixar de ver o aviso da rede social. Não vai focar no estudo. Não consegue se concentrar.
Mas depois que terminar o estudo, não tem problema nenhum. Pode jogar, pode conversar, pode escutar música, pode (e deve) ler um jornal, uma revista, assistir ao noticiário. Não devemos esquecer que conhecimentos gerais são avaliados – principalmente nas provas de redação e história. Mas ninguém precisa estudar 24 horas por dia. E ninguém precisa saber tudo para passar no vestibular. Não é essa a ideia.
Dormir de sete a oito horas por noite é outra recomendação importante. Não adianta passar a madrugada estudando. Não vai passar no vestibular. Chega em maio, junho, esse aluno já está esgotado. Não produz mais. Ele tem que saber dosar os estudos durante o ano inteiro, para chegar no vestibular inteiro, firme. Porque dormiu bem, descansou, levantou disposto. Senão vai estudar a madrugada inteira e, no outro dia, vai dormir na aula. Não adianta. Tem que ser um estudo metódico, equilibrado. Para isso, o esporte, a atividade física é essencial. É o que vai dar forças para o jovem suportar a carga diária de estudos e as cinco horas de prova no vestibular.
São esses os conselhos que costumo dar para os cinco mil alunos que entram, todos os anos, no Curso Positivo, e nas palestras que ministro pelo interior. Para os que me perguntam se isso dá certo, respondo com um exemplo: no vestibular de medicina, o mais concorrido, em Curitiba, 70% das vagas são ocupadas por alunos do Curso Positivo. Acho que dá.

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