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Por Acedriana Vicente Sandi, diretora pedagógica da Editora Positivo
Imersos em uma sociedade de rápidas mudanças e intensas transformações que envolvem o tempo, o espaço e as linguagens, a escola precisa reavaliar as suas práticas, a fim de que faça sentido nesse cenário. Todos os envolvidos no trabalho pedagógico são impactados pelas novas realidades apresentadas, muito especialmente, as crianças e os adolescentes. Neste contexto, se expande ainda mais as expectativas acerca da atuação das escolas cristãs, que diante de situações tão desafiadoras precisam se posicionar diante da comunidade escolar. Qual o papel das escolas cristãs que as diferencia das demais?
Dados da Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC), que congrega instituições mantenedoras de estabelecimentos confessionais católicos de educação em todos os níveis, graus e modalidades, mostram que, atualmente, existem no país cerca de 430 mantenedoras, 2 mil escolas, 130 instituições de ensino superior e 100 de obras sociais, totalizando cerca de 2,5 milhões de alunos atendidos e, aproximadamente, 100 mil professores e funcionários representados. Diante desses números é inegável a grande abrangência social do trabalho das escolas católicas, bem como imensa expectativa que se deposita nesse trabalho em favor da formação de pessoas mais humanizadas, engajadas em ações que promovam o bem comum.
Neste sentido, é importante observar que as escolas católicas são comunidades educativas em que o aprendizado se alimenta da integração entre a pesquisa, o pensamento e a vida, fomentando uma cultura que valorize e compreenda as diferenças, além de estimular o diálogo e o acolhimento. Para tanto, necessita professores alinhados com a máxima cristã que entende o amor como verbo: ação que converte o ensino em serviço para promoção humana, a partir da realidade do aluno.
No contexto atual, caracterizado pela difusão de novas linguagens tecnológicas que ampliam os canais de acesso à informação, o papel da escola cristã se expande e toma novos contornos. Se transforma, também, em um espaço de reflexão que promove a construção de “filtros” para a sua comunidade, amparados em valores cristãos, que a ajude a discernir entre “o joio e o trigo”.
Por fim, o desafio da formação cristã que deve ser continuamente renovado. Educar para Cristo representa o saber e o acreditar: a fé. A fé na vida, a fé no outro e a fé no que virá… As escolas católicas precisam ser capazes de construir um conhecimento respeitoso sobre todas as religiões presentes em nossa sociedade, visando a formação do cidadão livre, solidário, compassivo, responsável diante da compreensão e das interrogações humanas. Afinal, o ensino em uma escola católica não está só a serviço da construção de conhecimentos, mas deve favorecer a descoberta de si e do outro, o desenvolvimento da competência profissional, das responsabilidades intelectuais, sociais e políticas na comunidade.
Os novos desafios das escolas cristãs são incontáveis. Porém, antes de tudo, é importante renovar a paixão em educar, como lembrou o Papa Francisco: “Não, não desanimeis diante das dificuldades apresentadas pelo desafio educativo! Educar não é uma profissão, mas uma atitude, um modo de ser; para educar é preciso sair de si mesmo e permanecer no meio dos jovens, acompanhá-los nas etapas do seu crescimento, pondo-se ao seu lado.” Essa é uma missão para todas as escolas, sobretudo as cristãs.