Artigo: Como usar o FGTS para acelerar a compra da casa própria pelo consórcio imobiliário

*Por Jocimar Martins

Começar a guardar dinheiro para realizar o sonho da casa própria. Muito provavelmente, esta frase consta na lista de metas deste ano de milhares de brasileiros. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 32% da população do país não têm casa própria quitada e a maioria vive em imóveis alugados.
Neste cenário, os consórcios têm sido uma boa alternativa para encurtar o caminho para o tão sonhado “lar doce lar”, pois, muitas vezes, acabam sendo mais vantajosos que os financiamentos. A questão é que o tempo de espera para ser contemplado – que depende da quantidade de parcelas pagas, além de uma dose de sorte, no caso de ser sorteado logo nos primeiros meses de contribuição – pode ser um “porém” para os participantes mais ansiosos.
Muita gente não sabe, mas no caso dos consórcios imobiliários, se esperar muito pelo sorteio não estiver nos seus planos, é possível deixar o processo de aquisição da casa própria ainda mais rápido com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), aquele valor equivalente a 8% do salário que os empregadores depositam todo mês na conta de cada empregado, em uma conta aberta na Caixa Econômica Federal (CEF). Desde 2009, é possível utilizar até 100% do FGTS como lance para que o valor do consórcio imobiliário seja antecipado, abreviando a espera.
Outra possibilidade é usar o FGTS para diminuir em até 80% o valor das parcelas ou liquidar a dívida do consórcio. Ainda assim, uma terceira opção pode ser mais vantajosa: muitos participantes de consórcios imobiliários usam uma parte do Fundo de Garantia como oferta de lance, acelerando a contemplação do consórcio, e a outra parte para redução das prestações seguintes.
No final de 2018, o Conselho Monetário Nacional, órgão que controla o sistema financeiro no Brasil, tomou uma medida que pode beneficiar ainda mais os participantes de consórcios para moradias novas ou usadas. O limite para utilização de recursos do FGTS para compra de imóveis por meio de consórcios passou a ser de até R$ 1,5 milhão em qualquer unidade federativa – até então, o teto era de R$ 950 mil em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal, e de R$ 800 mil nos demais estados.
Embora ainda não seja do conhecimento de muitas pessoas, esses benefícios estão ajudando a movimentar o setor de consórcios imobiliários. A Administradora de Consórcios do Sicredi – ligada à instituição financeira cooperativa que possui mais de 4 milhões de associados e atua em 22 estados brasileiros e Distrito Federal –, além de ser a sexta maior administradora do Brasil, registrou crescimento de 85% na utilização do FGTS entre 2017 e 2018, sendo a maior parte para aquisição do imóvel via consórcio, seguida pela amortização das parcelas do próprio consórcio imobiliário.
O crescimento constado pelo Sicredi engrossa os dados da Associação Brasileira de Consórcios (ABAC). Segundo a entidade, entre 2010 e 2018, aproximadamente 30 mil participantes de consórcios sacaram cerca de R$ 840 milhões do FGTS para complementar o valor do crédito, ofertar lance ou reduzir parcelas – o aumento tem relação com a alteração das regras para saque do Fundo de Garantia, em 2002, que passou a permitir que o dinheiro também seja utilizado para oferta de lance e não somente para complementar carta de crédito, como era anteriormente. Ainda de acordo com a ABAC, o segmento de consórcios imobiliários cresceu 5,8% em participantes ativos, considerando janeiro a novembro de 2018, em relação ao mesmo período de 2017. Além disso, nos três primeiros trimestres do ano passado, representou 27,5% dos imóveis financiados no país.
Os consórcios para compra de imóveis têm caído no gosto popular porque não possuem juros, como nos financiamentos, e também porque são uma alternativa para fugir da burocracia da liberação de crédito. Mas, mesmo com essas vantagens, é preciso analisar muito bem a administradora que oferece o produto.
É importante considerar, por exemplo, a velocidade do fechamento dos grupos de participantes e, principalmente, a saúde financeira desses grupos, que influencia na disponibilização do crédito ao participante. Outro ponto decisivo são as taxas de administração, cobradas pela administradora como remuneração, a fim de garantir que todos os consorciados recebam o bem contemplado. A título de comparação, no Sicredi as taxas são, em média, 20% mais baixas que as praticadas pelo mercado, atualmente. Além disso, em 2018, a instituição financeira cooperativa disponibilizou 21% a mais em créditos que em 2017, contra 3,9% de crescimento do mercado no mesmo período.
Também vale ressaltar que os consórcios não são produtos para consumidores imediatistas, que precisam do bem ou serviço assim que adquirem uma cota. Caso o participante não possa dar um lance ou contar com recursos do FGTS, por exemplo, pode levar um tempo para que seja contemplado. E não podemos deixar de destacar que, além de ajudar a adquirir bens com custo reduzido, os consórcios são uma boa alternativa para desenvolver o hábito de poupar, pois exigem disciplina, programação e planejamento. Em 2019, ao tentar viabilizar o sonho da casa própria, não deixe de considerar esta opção.
*Jocimar Martins é gerente da Administradora de Consórcios do Sicredi

Share:

Latest posts

Crédito: Envato
Calor extremo atrapalha aprendizado
Cópia de Prêmio Curitiba Mais Criativa
Prêmio Curitiba Mais Criativa 2025 abre inscrições para projetos inovadores
Divulgação Senior Sistemas
Crescimento do mercado de tecnologia no Brasil impulsiona empresas na formação de profissionais

Sign up for our newsletter

Acompanhe nossas redes

related articles

Crédito: Envato
Calor extremo atrapalha aprendizado
Saiba como garantir o bem-estar e o desempenho escolar das crianças As crianças são particularmente...
Saiba mais >
Cópia de Prêmio Curitiba Mais Criativa
Prêmio Curitiba Mais Criativa 2025 abre inscrições para projetos inovadores
O Prêmio Curitiba Mais Criativa 2025 está com inscrições abertas até o dia 15 de março para...
Saiba mais >
Divulgação Senior Sistemas
Crescimento do mercado de tecnologia no Brasil impulsiona empresas na formação de profissionais
Multinacional catarinense investe em iniciativas para desenvolver e capacitar talentos no setor O mercado...
Saiba mais >
Obesidade
Novas gerações de medicamentos contra obesidade movimentam pesquisas na indústria farmacêutica
Mais de 1 bilhão de pessoas estão obesas no mundo e números vêm crescendo entre jovens Mais de 1 bilhão...
Saiba mais >