Márcio Viana*
O agronegócio brasileiro tem todos os predicados míticos de uma história heroica. Sua trajetória remonta ao próprio descobrimento do país, em 1500, com o início da exploração do pau-brasil e da cana-de-açúcar. De lá para cá, a força braçal deu lugar às máquinas e novos frutos dos avanços do setor surgiram. Com a disrupção tecnológica, foi possível colher em áreas que pareciam impossíveis de produzir e sair da desagradável condição de importadores de alimentos para uma potência agrícola. Seria estranho se um setor com tamanho vigor não fosse a galinha dos ovos de ouro para o crescimento econômico nacional.
O agro passou a ser reconhecido como tech e pop. Mais do que isso, o agro é parte viva do nosso dia a dia. Está presente em todas as camadas de produção e consumo de produtos, desde a roupa que vestimos até a comida que ingerimos. Nem mesmo a crise impede que o segmento continue a gerar impacto na movimentação da economia e no incentivo ao desenvolvimento. Agora, após tempos atípicos, resta saber como aprimorar as atividades e preservar resultados satisfatórios. E, sim, a tecnologia é a resposta.
Mas não basta apenas olhar para a tecnologia, é preciso também estar atento em como agregar valor às cadeias produtivas. Nesse ponto, mesmo que o digital supere as distâncias geográficas, não suprime a importância da troca de experiências com os produtores rurais. Só depois de entender o dia a dia de quem trabalha no campo, é que se pode trazer novas soluções para velhos problemas. O desafio é conectar de maneira a furar a bolha, sensibilizando pequenos e grandes agricultores sobre os benefícios das tecnologias: otimização de processos e redução de custos. O agronegócio depende disso para continuar a avançar.
Passos largos no desenvolvimento fazem a ficção científica e a realidade comportarem a face da mesma moeda. Hoje, já não é mais difícil imaginar uma tecnologia que permita plantar, cuidar e colher uma lavoura sem qualquer intervenção direta de um ser humano. Também, não parece ideia de outro mundo drones que possuam sensores para fazer o monitoramento sistemático, produzindo imagens e coletando amostras para avaliar quando, onde e como aplicar fertilizantes, defensivos e outros insumos. Isso tudo é resultado dos avanços em automação, tecnologia da informação e inteligência artificial.
Robôs, computadores e sistemas digitais estão a serviço do homem do campo. É muito dinamismo que faz o Brasil bater recordes de produção e exportação. Enquanto na plantação a colheita segue a pleno vapor, dentro de centros de tecnologia especialistas monitoram as operações para garantir a disponibilidade de máquinas no campo. No final, o futuro não é só de quem tem os melhores recursos naturais, mas de quem aplica melhor a ciência e tecnologia. Apenas assim é possível dar os próximos passos para competir por sementes, cultivares, know-how e implementos. Agro é vida, emprego, renda, oportunidades, economia, preservação, baixo carbono, pesquisa e inovação. E o agro sabe como reunir tudo isso.
*Márcio Viana, diretor-executivo da TOTVS Curitiba