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Renato Casagrande
Entre os muitos aprendizados que essa pandemia vai deixar na área da educação, talvez o maior deles seja a valorização da escola e do trabalho do professor em si, pelos pais e pela sociedade em geral. Percebemos uma valorização surpreendente da escola e do seu papel na sociedade porque ficou claro que educar não é nada simples. Foi-se o tempo em que a escola se preocupava ou se voltava mais à educação formal. Hoje, ela proporciona uma formação integral, o que permitiu aos pais enxergar o quanto ela faz falta também para o desenvolvimento das crianças. Depois da área da saúde, o setor mais impactado pela pandemia provavelmente foi o setor educacional. E esse impacto se deu porque, além de termos todas as atividades suspensas inicialmente, e depois radicalmente transformadas, temos agora o enorme desafio da volta, que não será como antes. Para que o retorno às aulas presenciais possa ocorrer, de fato, existem três aspectos fundamentais que precisam ser considerados.
O primeiro diz respeito a todas as normas de higiene que deverão ser adotadas pelas escolas para auxiliar as crianças e os adolescentes no momento em que as aulas retornarem presencialmente. Hoje, a responsabilidade desse cuidado é da família, mas quando as aulas recomeçarem, essa responsabilidade será também da escola. Sendo assim, todos os professores passam a ser agentes, coordenadores e orientadores de saúde. Além de precisarem dominar e conhecer as novas normas de saúde, eles terão que orientar os alunos, informá-los, educá-los e controlá-los para que os seus comportamentos estejam alinhados com os protocolos atuais de higiene e saúde, propostos pela OMS.
O segundo aspecto, fundamental, é conseguir manter dentro das escolas o distanciamento exigido. Salas readequadas, redistribuição de turmas, instalações de pias, marcações de espaços, ou seja, tudo que os outros setores já estão fazendo. A escola precisa garantir uma distância mínima e segura entre os seus alunos. Esse vai ser, certamente, um grande desafio, pois não se trata apenas da reorganização do espaço físico e do funcionamento, mas do número de profissionais que precisarão estar conectados e ativos para cuidar desses alunos. Sabemos que a realidade escolar atual mostra uma grande quantidade de alunos para poucos funcionários.
Por fim, o terceiro aspecto diz respeito à aprendizagem, primordialmente avaliar o que o aluno aprendeu nesse período em que ele ficou sem aulas ou realizando atividades na modalidade de ensino remoto. Caberá à escola estabelecer mecanismos de avaliação para verificar qual o aproveitamento dos alunos em relação ao conteúdo que foi ofertado de forma remota, bem como o conteúdo que deverá ser retomado e, principalmente, criar um planejamento de atividades no retorno às aulas. Além de tudo isso, a escola precisará pensar na possibilidade da inclusão do ensino híbrido, que é a junção do ensino presencial e não presencial. Enfim, sabemos que são enormes os desafios, todos postos à escola neste período sem aulas presenciais, exigindo que gestores e professores comecem a se preparar para o tão esperado retorno.
*Renato Casagrande é consultor da Conquista Solução Educacional